Telma Monteiro: Só o Ouro é o Limite
Se no tapete a conhecemos como uma mulher de garra e coragem, fora dele é também bem-disposta e otimista. Por debaixo do seu 1.63m, Telma Monteiro esconde a timidez que disfarça com o seu sorriso genuíno. E ao contrário do que se podia imaginar de uma lutadora, é muito feminina.
Telma Monteiro nasceu em Lisboa a 27 de dezembro de 1985, em São Sebastião da Pedreira, e com apenas 24 anos é considerada a melhor judoca lusa e um dos muitos rostos da esperança portuguesa nos Jogos Olímpicos.
Conhece bem o sabor da vitória, não fosse ela uma verdadeira “hard-worker” e a ambição não lhe corresse nas veias.
Aos 14 anos abraçou a modalidade Japonesa e mostrou que não estava apenas de passagem. Quatro anos volvidos, ainda Júnior, apurou-se para os Jogos Olímpicos de Atenas, tendo ficado em 9.º lugar. Confessa que nessa altura o seu apuramento foi precoce e inesperado, mas que o seu desejo “era alcançar uma medalha, mesmo não tendo bem a noção da dificuldade que isso representava”. Desde que se iniciou no circuito profissional, a sua determinação, vontade de vencer e de querer ser a mais “forte”, já faziam antever o futuro brilhante desta atleta de alta competição.
Medalhas, medalhas e mais medalhas…
A judoca já arrecadou várias medalhas e ao seu trabalho árduo deve-se a sua notoriedade. A atual segunda classificada do ranking internacional, já conta com três medalhas de prata nos mundiais de 2007, 2009 e 2010, bem como uma medalha de bronze em 2005. Foi três vezes campeã da Europa em 2006, 2007 e 2009 e duas vezes premiada com o ouro nos campeonatos europeus de sub-23, em 2005 e 2006. Precisamente em 2006, ascendeu ao topo, como primeira classificada no ranking internacional na categoria de menos 52Kg. Em 2007 passa a representar o Sport Lisboa e Benfica e dois anos depois assume a mudança de categoria para os menos 57kg.
Com duas participações nos Jogos Olímpicos em Atenas (2004) e em Pequim (2008), a atleta acredita que está preparada para enfrentar os próximos Jogos Olímpicos de Londres (2012), e que vai continuar a trabalhar para alcançar os seus objetivos. Até lá ainda faltam dois Campeonatos do Mundo, em que quer atingir a medalha de ouro.
Telma Monteiro sente orgulho em representar Portugal e elevar a bandeira do seu país nos maiores eventos desportivos internacionais. “De certo modo, as pessoas veem-nos como um País pequeno e é gratificante, nem que seja através do desporto, ter um papel para mostrar que as coisas não são assim, somos pequenos mas podemos fazer coisas grandes, é bom representar o País ao mais alto nível, tenho orgulho em ser portuguesa!”
A família como pilar de estabilidade
Para a atleta, a família e os amigos são a sua fonte de equilíbrio. “A família e os amigos são a base de tudo, porque é difícil ter uma estabilidade seja em que área for, se não se tiver uma boa base de apoio.” Telma Monteiro é a terceira de três irmãos, uma família numerosa com a qual mantém o contacto por telemóvel ou através do Skype, enquanto está em competições internacionais. “Passo muito tempo fora de casa, mas mantenho sempre o contacto com a minha família, nem que seja para pagar um balúrdio em chamadas”.
Com a sua irmã Ana, também judoca, a atleta mantêm uma relação “excelente”, pois é ela quem a acompanha quase sempre nas competições, e com quem pode conversar a nível técnico. Recentemente, em Tóquio, no Campeonato do Mundo não foi exceção. “Precisava de apoio moral, e lá veio ela ter comigo!”, recorda.
Teimosa e tímida
Os seus gostos musicais são muito diversificados, no seu mp3 tanto pode ouvir John Mayer como a banda de rock alternativo Muse, ou até mesmo Pink. A judoca desfaz-se em sorrisos quando inquirida sobre os seus defeitos e admite ser muito teimosa e tímida.
Sonhadora nata, para a atleta do Benfica não existem limites. Dotada de uma grande capacidade de superar a pressão, a sua única finalidade é conquistar medalhas e foi em Tóquio, no Japão, que se sagrou pela terceira vez vice-campeã Mundial, na categoria de menos 57 kg, tendo sido derrotada pela japonesa Kaori Matsumoto. Telma Monteiro mantém uma boa relação com Matsumoto e acha graça ao atrevimento da atleta japonesa: goza-a cada vez que a derrota. A judoca portuguesa responde-lhe com fair play e humildade, enquanto vai sonhando com o dia em que o ouro será dela.