Lusófona VC: O Voleibol ao Serviço da Comunidade Universitária
Apresentamos o Lusófona Voleibol Clube. A cumprir dez anos de existência o projecto de formação já conquistou o seu espaço. A alegria e a energia que exalam as atletas comprovam que o Voleibol…já corre, célere, nas veias da comunidade estudantil!
João Diogo Saudade e Silva abre-nos as portas do mundo universitário da Lusófona e da sua coqueluche: o Lusófona Voleibol Clube.
À hora do começo dos treinos, começam a aparecer crianças e jovens apressadas. As aulas já terminaram e é chegada a altura de juntar o útil ao agradável. Através da alegria e da energia transmitida pelas jovens atletas torna-se notório que o Voleibol já corre, célere, nas veias da comunidade estudantil!
A cumprir dez anos de existência o projecto de formação já conquistou o seu espaço, como nos revela o fundador e actual coordenador do Lusófona VC.
Como é o Lusófona Voleibol, uma década depois do seu nascimento?
JOÃO DIOGO: “É um clube cheio de energia, com um projecto muito bem definido. E o crescimento fez-se a nível de quantidade e também, felizmente, a nível de qualidade.
Sofreu uma evolução às vezes assustadora. Começámos com uma ideia, defendida com grande convicção, e fomos crescendo até nos tornarmos uma das referências do Voleibol nacional.
Do dia do nascimento para a actualidade, a diferença é assustadora, mas é um bom problema e um desafio para a próxima etapa da evolução.
Hoje somos uma referência do Voleibol feminino em Portugal; somos encarados como bons adversários, como uma equipa que está a lutar também pelo primeiro lugar e por títulos, mas o crescimento fez-se sobretudo sustentado em valores muito educativos”.
Essa evolução deve-se à aposta na formação?
JD: “Começámos por fazer o Lusófona Kids como uma parceria com o Desporto Escolar. Foi uma parceria muito interessante, pois criámos valores de referência a nível de praticantes.
Organizávamos a prática desportiva formal do Mini-Voleibol, desde o quarto e quinto anos, em dois contra dois (2 x 2), até ao sexto e sétimo anos, com 4 x 4, e chegámos a atingir os 700 atletas e a montar 25 redes.
Então, chegou o momento em que, como em tudo na vida, devemos reflectir e o que sentimos na altura é que estávamos a cumprir uma tarefa que não era a nossa.
A nossa intervenção social e de parcerias com instituições deve sempre ocorrer, mas também temos de perceber qual é o nosso crescimento.
O nosso objectivo como clube é ter equipas desportivas, criar condições para ter cada vez mais praticantes e boas equipas e, no nosso entender, apesar do número de praticantes que tínhamos, já não estávamos a ir ao encontro destes objectivos. Nem sequer estávamos, como organizadores, a ter uma compensação e um retorno financeiro.
Assim, mudámos de estratégia e creio que a estratégia actual é a adequada e até vai ao encontro daquilo que são as organizações da Federação, nomeadamente dos seus projectos para os mais jovens, como o Gira-Volei”.
Mais especificamente…
JD: “Nós na nossa área de intervenção, de Alvalade, Campo Grande, estamos neste momento com três escolas protocoladas, uma secundária e duas primárias.
Ao invés do que acontecia, os nossos recursos financeiros e humanos são agora aplicados naquilo que fazemos e, neste momento, 14 turmas do 3.º e 4.º anos praticam Voleibol connosco pelo menos uma vez por semana.
Há uma segunda etapa, que vai ser a participação nas nossas actividades. Desde o início de Outubro que estamos a funcionar com o Voleibol na escola, regularmente, sem interrupções. Vamos fazer na Páscoa o primeiro Campo de Férias de Páscoa. É uma iniciativa que temos feito com sucesso no Verão.
A transição desde a escola primária até à Lusófona Voleibol vai ser sempre feita de uma forma sustentada e gradual.
E hoje estamos a contribuir para o crescimento do Voleibol e do seu número de praticantes, evidentemente, mas também e principalmente para o nosso número de praticantes e para a renovação das nossas equipas.
Temos uma equipa infantil com 22 jogadores e isso é muito importante, pois representa um trabalho de base. O escalão do Mini-Voleibol, a prática regular no Lusófona Voleibol, tem mais de 30 inscrições. Fora as quase 450 crianças que praticam Voleibol nesta escola.
Foi essa a grande mudança do Lusófona Kids, que continua apoiado e a ter um sponsor associado. O que mudou foi a estratégia, uma estratégia pensada, que foi perturbar um bocadinho a estabilidade do desporto escolar”.
Têm uma equipa na I Divisão – femininos, já a consolidar a sua posição e participação –, mas quais são os outros pontos altos ao longo da última década?
JD: “Temos sido, seguindo a filosofia do clube desde a sua génese, um clube de formação. É engraçado que hoje, talvez até resultante das dificuldades económicas do país, todos falem em formação. A formação passou a ser uma moda… mas a nossa moda já foi «comprada» há muito tempo.
Nós começámos com poucas equipas e hoje temos todos os escalões de formação, todos com mais de 15 praticantes e 15 praticantes de qualidade. E já conseguimos ser selectivos, pois há muita gente a querer entrar na Lusófona e que não consegue.
Queremos deixar uma marca e que essa marca continue a nível daquilo que é um projecto de formação, uma evolução nos escalões de formação e uma consequência de uma equipa sénior formada por nós.
Hoje, a nossa equipa sénior tem 80 por cento de jogadoras que passaram pelos nossos escalões de formação. Já são dados objectivos.
E queremos com isso atingir resultados adequados a essa nossa estratégia e ao nosso trabalho.
Não sei se um dia teremos o título nacional da I Divisão, nem é isso que nos preocupa. Sabemos que hoje a I Divisão é a I Divisão adequada para nós em termos de nível desportivo. Se não o for, não temos problemas nenhuns em descer. Mas queremos que os princípios destes projectos possam estar sempre presentes.
O objectivo de competir não é a vitória?
JD: “É evidente que queremos cada vez mais, mas nunca vamos entrar em loucuras. Por exemplo, a ideia de uma equipa sénior remunerada não existe no Lusófona Voleibol, existe sim um conceito de jogadoras bolseiras.
Hoje temos 8 jogadoras, que vão desde a bolsa de 100 por cento aos 50 por cento e que podem ter aquilo que é a maior riqueza que qualquer um pode dar a outro: a educação. E sabem que no Lusófona Voleibol podem estudar, treinar e fazer aquilo que mais gostam.
No final desse percurso, a decisão é delas.
É um sistema em que se olha para os escalões de base e se consegue perceber em termos de uma projecção de futuro de três, quatro anos, que vamos ter nova fornada, nova gente de qualidade a jogar no escalão sénior.
É uma formação que tem em vista principalmente a Alta Competição”.
O próprio coordenador do projecto foi estudante da Lusófona…
JD: “Fiz aqui a licenciatura em Educação Física e durante o curso também entrei na loucura do Voleibol. Na altura, com o apoio do Prof. António Rodrigues e do Prof. Fiúza Fraga, os meus dois mentores, digamos assim, para quem tenho sempre uma palavra de grande gratidão, tivemos uma equipa de estudantes que depois esteve dois anos como federada. Foi uma primeira experiência.
Quando, nesta nova estrutura que são agora as instalações do Campo Grande, fizemos o pavilhão desportivo, imediatamente o coordenador bateu à porta do Director e propôs-lhe novamente um projecto de Voleibol. E acho que esse foi o momento-chave.
Já existia na Universidade um clube de judo e o clube de Voleibol passou a ser uma referência na Universidade. É um projecto comum, é algo que, em termos estratégicos, sabemos que é também uma forma de comunicar, de chegar a futuros alunos e a futuros praticantes e é uma estratégia de comunicação por parte da instituição da Universidade Lusófona. Isso é algo muito gratificante.
Temos um projecto semelhante ao do Colégio do Rosário, o que difere um pouco são os escalões etários. Nós funcionamos em termos de bolsas no ensino universitário, o Colégio do Rosário funciona com escalões mais baixos, mas estamos a ir ao encontro daquilo que se calhar é o ideal do Voleibol e do desporto que é a prática desportiva associada a valores educativos muito fortes.
Neste aspecto, vamos experimentar brevemente uma grande novidade, que é um protocolo com uma universidade norte-americana. As nossas atletas vão poder estar, já este Verão, nos Estados Unidos durante um período de tempo e as atletas norte-americanas poderão estar connosco.
Esse será o passo seguinte: as parcerias internacionais. E o Grupo Lusófona é tão vasto que nos permite fazer essa dinâmica e ter essa estratégia”.
Jorge Proença: “Os resultados são sempre uma consequência do trabalho que fazemos”
Jorge Proença, professor na Universidade, Director dos Cursos de Desporto da Universidade Lusófona e Presidente do Lusófona VC, é a melhor pessoa para aquilatar a evolução deste «fenómeno desportivo».
O investimento na «mente sã em corpo são», feita há já mais de 20 anos, foi uma aposta ganha?
JORGE PROENÇA: “Depende de quem analise o que vamos realizando. Na nossa perspectiva, há motivos suficientes para estarmos satisfeitos com o que temos feito. Isto significa que os objectivos e as intenções que traçámos desde o início têm sido alcançados e sistematicamente renovados.
De facto, são passados 22 anos, desde que iniciámos, com a licenciatura apenas, aquilo que hoje é a Faculdade de Educação Física e Desporto da Lusófona.
Ano após ano, temos apresentado novos projectos e ideias, e este ano anunciaremos brevemente iniciativas inovadoras.
Há já alguns anos que contamos com aquilo que são os objectivos de qualquer faculdade, isto é, conferência de graus em três níveis, licenciatura, mestrado e doutoramento, pós-graduações.
Contudo, existiu sempre desde o início uma orientação na nossa acção, que é a profunda ligação que queremos manter com a comunidade, com a realidade para a qual trabalhámos: na formação de quadros técnicos, seja para o ensino da Educação Física, de professores na escola, seja para o Treino Desportivo, seja para a área do Fitness, da Saúde e do Bem-estar.
Fazer isto sem uma grande ligação à comunidade julgo que não faria grande sentido”.
Então, a comunidade em que estão inseridos funciona como uma espécie de barómetro?
JP: “Uma das vocações e competências de qualquer instituição universitária é a chamada extensão universitária, que se expressa nessa ligação à comunidade, e que esteve sempre muito presente no nosso pensamento.
E tem-se expressado de diferentes formas. Através da criação dos clubes, e surgiu o Voleibol, o Judo, o Surf, este como prática relativamente nova na sociedade portuguesa, digamos mesmo uma das práticas da moda. E poderiam ter surgido muitas mais, não surgiram porque não tínhamos capacidade, a nível de instalações, para promover essa prática.
Como sempre, também entendemos que, para além da quantidade, a qualidade do que fazemos deve ser uma preocupação fundamental.
Compete naturalmente àqueles que servimos pronunciar-se sobre essa qualidade, mas também julgo que não ficará mal dizer que essa foi sempre uma preocupação nossa”.
E onde se encaixa a aposta no Voleibol?
JP: “Se a quantidade de crianças e de jovens que ajudamos a formar e a quem propiciamos a prática do Voleibol, conseguirem, através da modalidade, uma melhoria da sua formação como desportistas e, sobretudo, como cidadãos, o nosso objectivo principal será atingido.
Se essa formação puder ser complementada com êxitos desportivos, ficamos todos satisfeitos, evidentemente. Se não puder, paciência, ficará o essencial, que é facto de todos os momentos que eles passem no processo de treino com os nossos treinadores permanecerem como momentos de satisfação e prazer. Também de esforço, naturalmente, mas sobretudo de contribuição para a realização pessoal destes jovens no futuro”.
O Voleibol, enquanto formador desportivo, encontra paralelo no ensino universitário e nos objectivos da Faculdade?
JP: “Os objectivos que perseguimos são a formação de um professor ou de um treinador, conforme as opções que os nossos estudantes tenham.
Concretamente ao aprofundamento do conhecimento das modalidades, é claro que aí a opção será o treino desportivo e são muitos aqueles que entram para aqui e fazem a licenciatura e depois o mestrado de treino desportivo com o objectivo de melhorar o seu conhecimento e as suas competências na área do treino desportivo.
Quem quiser ser treinador de Voleibol, tem a opção do Voleibol durante os três anos do curso e no terceiro ano tem ainda complementarmente e durante um ano prática de estágio.
É uma inovação que introduzimos com o Tratado de Bolonha e com a passagem da licenciatura de cinco anos para três, e com a qual estamos muito satisfeitos, não só com a procura que tem havido mas pelo próprio funcionamento e pelos resultados que se vão alcançando”.
E relativamente à evolução do Lusófona VC?
JP: “Estou satisfeito e julgo que todos os outros que estão envolvidos também. A Faculdade deu todas as condições, mas, e julgo que é tempo de dizê-lo, o grande mérito deve-se àqueles que diariamente trabalham nisso. E, aqui, há uma pessoa cujo mérito é incontornável, que é o Prof. João Diogo Saudade e Silva, nosso professor, nosso aluno do primeiro ano da licenciatura, cuja paixão pelo Voleibol o fez aparecer no meu gabinete com a ideia da criação de um clube.
Acarinhámos, tanto quanto foi possível, essa ideia, desde os jovens das camadas mais baixas até às seniores da I Divisão, e temos feito este trabalho com um objectivo muito claro.
No desporto, os resultados não podem deixar de ser importantes, mas não são o nosso grande objectivo. Sempre entendi e, como professor, procurei transmitir isso e acredito que o trabalho que temos feito aqui com Voleibol é uma expressão muito clara de todo este sentimento – julgo que não só o Prof. João Diogo como todos os treinadores partilham desta ideia –, que os resultados são sempre uma consequência do trabalho que fazemos.
O essencial é aquilo que dia a dia, semana a semana, mês a mês, conseguimos realizar. Com serenidade e calma, mas também com a competência possível. E naturalmente com o agrado das jogadoras e das suas famílias, que, neste particular, têm um contributo muito importante”.
A resposta deles foi positiva?
JP: “Foi desde o início e cada vez mais. Penso que neste momento passámos mesmo o limite das nossas capacidades de acolhimento.
O reconhecimento deste projecto tem sido geral, bastará citar os próprios responsáveis do desporto escolar da região de Lisboa e a Câmara Municipal de Lisboa, que são duas entidades que reconhecendo este trabalho, nos solicitaram para organizações de eventos e apoio de eventos.
Quanto a ecos no estrangeiro, infelizmente, as instituições universitárias de uma maneira geral, tanto em Portugal como no estrangeiro, estão mais preocupadas e vocacionadas para outras áreas muito centradas na investigação, na produção científica, nas publicações e na captação de alunos do que propriamente na ligação e no apoio à prática desportiva federada.
Quando o fazem é em ligação a clubes ou a federações. Agora, criar o seu próprio clube é algo que em Portugal é muito raro, o mesmo acontecendo, de uma forma geral, na Europa. Por isso é que, sem queremos seguir qualquer modelo, o que temos feito aqui ao nível dos estudos desportivos é muito mais próximo da tradição e da prática nos Estados Unidos do que na Europa”.
Manuel Damásio: “O projecto provou a sua mais-valia e o seu carácter distintivo e diferenciado”
Manuel Damásio, Administrador da Lusófona e Director de Marketing do Lusófona VC, não tem dúvidas da força do Voleibol e do seu poder de interacção com outras actividades, de carácter desportivo ou não.
O projecto Voleibol assumiu a dimensão esperada?
MANUEL DAMÁSIO: “Este projecto de promoção e dinamização no domínio do Voleibol iniciou-se um bocadinho numa lógica do «vamos ver o que é que dá».
Dez anos depois, provou-se que é algo que pode funcionar, essencialmente em duas dimensões: uma dimensão que está directamente relacionada com a promoção da actividade central da Universidade, que é a formação. E esta actividade acaba por ser um complemento àquilo que é a nossa formação graduada e pós-graduada, nomeadamente no domínio do desporto. Depois, há uma segunda dimensão, que diz respeito à abertura da Universidade à comunidade. Eu diria que foi aí que este projecto provou a sua mais-valia e provou o seu carácter distintivo e diferenciado.
Ao longo destes 10 anos, o projecto ganhou uma dimensão muito considerável. Desenvolveram-se energias muito importantes com outras áreas dentro da Universidade e hoje quando nós falamos de exemplos de projectos da Universidade que correspondam a serviços à comunidade, que correspondam a integração no ambiente universitário a pessoas que normalmente aí não estariam, este projecto do Lusófona Voleibol Clube acaba por ser exemplar e por ser paradigmático daquilo que é uma intenção em muitas outras áreas mas que aqui se tornou uma realidade”.
E relativamente à interacção com outras áreas da Universidade?
MD: “Do meu ponto de vista, aquilo que nós conseguimos em termos de sinergias com outras áreas de formação, desde o cinema, com a utilização, e lembro-me de três ou quatro casos, de jogadoras para cenas de filmes que estavam a ser feitos por alunos, à utilização de alunas para capturas de mockup em projectos de investigação biomecânica, à utilização de imagens de jogos para ilustrar comunicação institucional, tudo isso são exemplos do que a Universidade beneficiou ao longo destes 10 anos de um projecto que no seu início parecia ser quase exclusivamente um projecto de formação, depois a determinada altura parecia ser um projecto de formação e desporto e hoje é, essencialmente, um projecto que alia um conjunto de valias no domínio do desporto, da formação, mas também da abertura à comunidade. No fundo, para a Universidade fazer aquilo para que esta e outras estão vocacionadas que é dar também alguma coisa à comunidade na qual estão inseridas.
Neste sentido, eu diria que estes 10 anos foram muito positivos e que se provou que quando se começou, como o ditado, «começa-se como se quer, acaba-se como se deve». Neste caso, não se acabou mas está-se a andar como se deve”.
Em termos de Marketing, o produto Voleibol ainda pode ser mais rentabilizado?
MD: “Todo o produto desportivo tem tido, no contexto do ensino superior em Portugal e no espaço europeu uma rentabilização muito inferior àquilo que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos.
Mas no caso do Voleibol, temos outro exemplo muito interessante noutro país de língua portuguesa que é o Brasil.
Acho que ainda há um longo caminho a percorrer em termos de rentabilização do produto ou, se quisermos, do brand Voleibol associado à Universidade e associado àquilo que a Universidade quer fazer na promoção do desporto”.
Pessoalmente, como vê o Voleibol?
MD: “Fui praticante de Voleibol desde iniciado até sénior e depois nunca mais joguei. Gostaria de voltar a jogar, mas se o fizesse agora o mais provável era que caísse logo para o lado…
Mais a sério, o Voleibol é um desporto que tem um conjunto de características que o tornam muito apetecível do ponto de vista da promoção daquilo que é uma formação integral no domínio do desporto”.
O título de campeãs da II Divisão veio mudar alguma coisa?
Treinadores e atletas do Lusófona Voleibol Clube
João Azeitona Correia, treinador da equipa de seniores femininos
Qual o peso do título alcançado na época passada na forma de trabalhar desta equipa?
“O título deve ser encarado no contexto, pois fizemos um percurso de três anos até conseguirmos atingi-lo.
No ano anterior, tínhamos sido vice-campeões nacionais… e perdido o jogo do título por 2-3.
Estivemos muito próximo. E quando estamos muito próximo, de acordo com as estatísticas, uma vezes ganha-se e outras perde-se, mas mais cedo ou mais tarde o objectivo é alcançado.
Foi o que aconteceu no ano passado.
O título aparece como o corolário de um processo em progressão, que conseguiu ter uma determinada sustentabilidade e que acabou por dar no título.
Depois de ganharmos o campeonato, subimos à I Divisão.
Esta subida é a consequência, o título é que era o objectivo.
Agora, o que nós achávamos interessante era consolidar a consistência, tendo sempre bem presente que não somos campeões, fomos campeões.
O título é muito importante para a minha equipa em termos de motivação e sobretudo o acreditar que estamos no caminho certo”.
Esta época veio provar isso?
“Sim. Nós sentíamos que o grupo estava pronto para passar ao patamar seguinte. Beneficiámos também do facto de o nível geral ter baixado e é muito importante que as pessoas tenham consciência disso.
Muito do nosso sucesso na I Divisão tem a ver com a comparação com os outros e o nível da I Divisão, comparando com anos anteriores, está mais baixo, o que facilitou esta integração.
Se calhar mais rapidamente do que seria suposto, conseguimos alcançar os pequenos objectivos, como seja ganhar o primeiro jogo na I Divisão, discutir os jogos e conseguir vencê-los.
É a confirmação de que estamos no caminho certo. Sem loucuras, passo a passo, devagarinho, como as coisas importantes devem ser feitas”.
Sara Serrano: Uma atleta exemplar
Sara Serrano é vista como um exemplo para as hostes do Lusófona VC.
Apesar da sua juventude, a capitã da equipa de seniores não parece sentir em demasia o peso da responsabilidade nos ombros, bem pelo contrário.
“É óptimo ser a capitã desta equipa. Esforço-me para dar um bom exemplo, não só à minha equipa como igualmente às atletas das equipas de formação, mas faço-o por gosto.
Neste momento, sou a passadora principal da equipa, mas sei que tenho de continuar a trabalhar para melhorar e continuar a ser a titular e é isso que procuro transmitir às mais jovens. Nada se consegue sem muito trabalho e empenho.
A mensagem que transmito às mais novas? Trabalhem muito. O importante é ter gosto pelo Voleibol, que eu sei que todas as equipas da formação daqui têm, e aproveitar todos os momentos para treinar, pois mais tarde isso compensa”, sintetiza Sara.
O técnico João Azeitona Correia vê assim a sua pupila:
“Obviamente, sou suspeito, mas a Sara é um bom exemplo para todas as outras. É um produto da formação do clube, é uma atleta com imenso potencial, muitíssima responsabilidade, funciona como modelo não só para as colegas da equipa sénior mas também para todas as atletas dos outros escalões.
É uma jogadora que veio progressiva e paulatinamente a conquistar etapas. Conquistando etapas dela para com ela, ou seja, procurando ser melhor do que já foi, e conquistando o seu espaço dentro da própria equipa.
Só para terem uma ideia, ela já foi a terceira distribuidora da equipa e neste momento é a distribuidora titular.
Sabe que não se pode acomodar à sombra da bananeira e isso aumenta a sua responsabilidade, mas é um produto de todo o processo e um exemplo a seguir”.
Testemunhos
Margarida Reis, 18 anos, atleta da Selecção Nacional de Juniores
“Jogo na Lusófona desde o início desta época.
Acho que o trabalho que estamos a fazer aqui é ambicioso, com objectivos elevados e com muito empenho e esforço por parte da equipa técnica e de todas as atletas.
O meu objectivo pessoal é conseguir o máximo na Selecção Nacional e ajudá-la a alcançar os melhores resultados possíveis.
Na Lusófona, a concretização dos objectivos seria conseguida com uma boa classificação na fase final.
União e muita Alegria em campo são as palavras que melhor traduzem o nosso espírito de equipa”.
Neusa Neto, 19 anos, atleta da Selecção Nacional de Juniores
“Comecei a jogar Voleibol há quatro anos, aqui na Lusófona. Fui convidada pelo treinador para praticar a modalidade e, apesar de nunca ter praticado desporto, vim aos treinos, gostei, acabei por ficar. Depois saí da Lusófona, mas regressei este ano.
Esta época tem sido diferente das anteriores, pois estou numa equipa que tem muita gente nova.
No ano passado não joguei aqui, mas tive muito gosto em regressar, e estou a aproveitar ao máximo esta experiência. Este grupo é diferente, é muito unido, e estou a aprender muito.
Qualquer atleta que atinja a Selecção, gostaria de continuar a trabalhar com a camisola da Selecção Nacional. E quem nunca foi convocada, tem certamente como objectivo alcançar esse patamar”.